Conização do colo do útero

Um pequeno procedimento que pode salvar vidas!

Se você está desesperada porque sua médica indicou uma conização do colo do útero, primeiro se acalme e depois comece a ler este texto.

Uma conização poderá salvar sua vida em poucos minutos.

Este é um procedimento extremamente seguro e que irá evitar consequências muito piores como retirada do útero, uma quimioterapia e/ou radioterapia. O procedimento de conização salva muitas vidas.
No Brasil, o termo CAF acabou sendo utilizado como sinônimo de conização. Quando uma paciente relata ter sido submetida a uma CAF, entendemos prontamente que ela realizou um procedimento de conização do colo do útero pela técnica de eletrocirurgia.
Exérese da zona de transformação, ou simplesmente EZT, é outro termo mais específico que também é utilizado como sinônimo de CAF ou conização.

Em resumo, para o leigo, conização, CAF e EZT significam a mesma coisa. Um procedimento que consiste na remoção de uma parte do colo do útero, com objetivo de tratar lesões causadas pelo HPV, que poderiam evoluir para um câncer no futuro.
Fui submetida a este tratamento quando tinha 24 anos. Desde aquela época fiquei apaixonada ao perceber que muitas vidas poderiam ser salvas. Foi depois dessa experiência que decidi me especializar em HPV e colposcopia. Atualmente, realizo mais de 30 conizações por CAF ao mês e após cada procedimento tenho a sensação de trabalho cumprido, pois acabei de evitar o sofrimento futuro de mais uma mulher. Acho o meu trabalho muito lindo. Pode me chamar de metida (kkk), mas é maravilhoso saber que após um simples procedimento evitei que aquela mulher possa desenvolver um câncer. Não é muito lindo?

Minha experiência como paciente:

Eu tive que ser submetida a uma conização por CAF aos 25 anos de idade. Mal se falava sobre essa técnica no Brasil. Eu fiquei maravilhada, foi tudo muito rápido.

Realizei o procedimento num dia e outro dia já estava trabalhando normalmente no Hospital. Naquela época estava cursando a residência médica na UFRJ e não queria faltar. O outro motivo, foi porque nada contei aos meus pais. Eram outros tempos e se conhecia ainda menos sobre HPV, eu iria matar meus pais de preocupação. Também tive medo de ser julgada por eles e preferi esconder essa situação. E aqui começou minha paixão e missão de vida:

“INFORMAR PARA ACALMAR E PREVENIR. TRATAR PARA SALVAR VIDAS.”

Lesões pré-cancerígenas:

É importante entender que as neoplasias intraepiteliais cervicais de alto grau (NIC2/3) e o adenocarcinoma in situ (AIS) NÃO são classificadas com câncer de colo do útero invasor. São lesões pré-cancerígenas. São lesões que quando tratadas adequadamente têm cura!
A conização é a forma mais adequada de tratamento das lesões precursoras do câncer de colo de útero (NIC 1 persistente por mais de 2 anos, NIC 2, NIC 3 e adenocarcinoma in situ).

Esse procedimento reduz o número de casos e a mortalidade pelo câncer de colo uterino. Ele realmente salva muitas vidas e nunca irei parar de repetir isso.

A evolução das lesões pré-cancerígenas até chegar a um câncer invasor pode levar muitos anos. Por isso a importância de fazer os exames preventivos do câncer de colo do útero periodicamente com seu ginecologista. (saiba mais aqui – link para importância do preventivo).

O HPV, que não some e não é diagnosticado, é que será responsável pelo desenvolvimento das lesões de alto grau no colo do útero.
A descoberta de uma lesão de alto grau NÃO deve ser vista como um problema e SIM como uma solução, pois através de um rápido procedimento de conização essas lesões têm cura.

O que é conização do colo do útero por CAF?

CAF é a abreviação para Cirurgia de Alta Frequência. A conização do colo do útero por CAF, utiliza a técnica de eletrocirurgia.

A conização do colo do útero é um procedimento que tem por objetivo retirar e tratar as lesões pré-cancerígenas causada pelo HPV.

A conização realiza a remoção de um pequeno pedaço do colo do útero, que na maioria das vezes, é o suficiente para tratamento e cura de uma NIC 1 persistente ou lesões intraepiteliais cervicais de alto grau (NIC 2, NIC 3 e adenocarcinoma in situ).

Conização
Procedimento de conização 1
Procedimento de conização 2
Procedimento de conização 3

As neoplasias intraepiteliais cervicais de alto grau (NIC2/3) têm cura.

O diagnóstico e tratamento das neoplasias intraepiteliais cervicais e do adenocarcinoma in situ é de fundamental importância na prevenção do carcinoma invasor do colo uterino.

A conização por CAF poder ser realizada no consultório com anestesia local ou no centro cirúrgico sob sedação leve. Porém, independentemente de onde seja realizada, a técnica da CAF é a mesma.

Eu NÃO realizo esse procedimento no meu consultório. Opto sempre pela realização desse procedimento em centro cirúrgico sob efeito de uma sedação leve para conforto das minhas pacientes. A paciente irá dormir por alguns minutos enquanto realizo a conização por CAF.
NÃO TENHA MEDO de fazer uma CAF. Não fique ansiosa, nervosa e tendo insônias. A conização por CAF é muito simples e segura. O maior risco para sua vida é o de não realizar desse procedimento. O maior risco é o de não tratar essa lesão que pode evoluir para um câncer no futuro.

Dúvidas frequentes sobre a conização por CAF:

1. É necessário realizar um corte na barriga?

A resposta é não. A paciente não fica com qualquer cicatriz na pele.

2. O cone removido irá para biópsia?
A resposta é claroooo. O material removido através da conização do colo uterino é enviado ao laboratório para a realização da biópsia. Essa análise é realizada por um médico patologista e irá confirmar o diagnóstico e avaliar se a lesão foi completamente removida.

Possíveis complicações imediatas da conização por CAF:

A ocorrência de sangramento excessivo, ou mesmo hemorragia, é muito rara.

Dor do tipo cólica pode ocorrer após a conização por CAF, mas geralmente é leve e melhora com medicação.
O risco de infecção da ferida operatória do colo do útero é raríssimo.

Uma infecção urinária é possível de acontecer devido à manipulação da região genital.

A lesão pode reaparecer após o tratamento de conização por CAF?

O risco é muito pequeno, mas existe. Por esse motivo que o acompanhamento posterior a conização com seu ginecologista, principalmente nos primeiros dois anos após o procedimento, é tão importante.

Vou poder engravidar após uma conização por CAF?

Sim, você poderá engravidar no futuro.

Uma conização por CAF não irá impedir gravidez. Uma conização por CAF não irá te deixar infértil.

Mas é importante que você relate ao seu obstetra a realização desse procedimento. Ele irá avaliar seu colo de útero e o risco de uma incompetência istmo cervical (o risco de uma fraqueza desse colo).

Diante de um diagnóstico de incompetência istmo cervical, seu obstetra irá avaliar a necessidade de realizar uma cerclagem, ou seja, dar uns pontos ao redor do colo para mantê-lo fechado.

Um bom profissional irá sempre avaliar o grau da lesão (se NIC 1,2 ou 3), a idade da paciente e o seu desejo de gravidez futura. O objetivo é evitar a retirada de grandes pedaços de colo do útero sem necessidade. O super tratamento desnecessário pode trazer prejuízos evidentes a pacientes que desejam engravidar futuramente.

CAUTERIZAÇÃO QUÍMICA, CAUTERIZAÇÃO ELÉTRICA E CRIOTERAPIA
A utilização de métodos destrutivos (como a cauterização química, elétrica ou a crioterapia) devem ser evitados como tratamento de uma NIC 1 persistente (por mais de 2 anos) ou das lesões precursoras do câncer de colo do útero (NIC 2, NIC 3 e AIS).
O maior motivo é porque essa modalidade de tratamento destrutivo não fornece material para ser enviado para a biópsia. Se não existe biópsia, não existe a confirmação diagnóstica da lesão removida e não existe como saber se a lesão foi retirada por inteira.

NÃO TENHA MEDO, A PREVENÇÃO É SEMPRE A MELHOR ESCOLHA!

Referências:

1. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer. José Alencar Gomesda Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019.

2. Papilomavírus humano: biologia viral e carcinogênese.Gláucia da ConceiçãoSilva Souza, Elisvania Rodrigues da Silva, Francisca Lopes dos Santos Macêdo, Lázaro Rogério Carvalho Soares, Veronésia Maria de Sena Rosal5 , Maria Gabrielle de Lima Rocha. FEMINA | Julho/Agosto 2015 | vol 43 | nº 4

3. Apgar B., Brotzman G., Spitzer M. Colposcopia: Princípios e Prática. AtlaseTexto. Segunda edição. Capítulo 7. 129-158

4. FEBRASGO – Manual de Orientação em Trato Genital Inferior e Colposcopia. 2010

5. Mayeaux. Tratado & Atlas – Colposcopia Moderna. ASCCP. Capítulo 7. 129-159

6. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Sexually Transmitted
Diseases Treatment Guidelines, 2021. MMWR /June 23, 2021/ Vol. 70/

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Sou especialista em HPV e não realizo consultas ginecológicas de rotina.

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