Receber um diagnóstico de HPV (Vírus do Papiloma Humano) pode ser assustador, e não é incomum que a notícia venha acompanhada de desespero, estresse e ansiedade.
No entanto, muito desse sofrimento é desnecessário e surge da falta de informação clara e acessível sobre essa infecção tão comum.
O Que Realmente Significa um Diagnóstico de HPV?
A primeira reação ao descobrir o HPV pode ser a de que "o mundo acabou".
Mas a verdade é que o HPV não é o monstro que muitos imaginam.
É importante entender que:
- A vasta maioria das pessoas infectadas pelo HPV não irá desenvolver lesões ou doenças graves. Apenas uma pequena parcela, especialmente aquelas com tipos de HPV de alto risco e que não conseguem eliminar o vírus, pode desenvolver lesões que, se não tratadas, podem progredir para câncer.
- Aproximadamente 80% das mulheres infectadas eliminam o vírus de forma espontânea. Sim, você leu certo! Isso significa que o próprio sistema imunológico do corpo é capaz de combater e eliminar o vírus, tornando-o indetectável e impedindo que cause lesões. Esse processo geralmente ocorre em até dois anos, sem a necessidade de medicamentos, pomadas, vitaminas ou chás.
- O HPV pode permanecer em forma latente ("dormindo") no seu organismo por longos períodos, até 10 ou 30 anos, sem manifestar sintomas. Durante essa fase latente, o vírus não está ativamente se replicando ou causando danos, o que significa que você pode ter o vírus sem saber e sem que ele esteja causando problemas ou sendo transmitido ativamente. A manifestação de sintomas ou lesões geralmente ocorre quando o sistema imunológico está enfraquecido ou em desequilíbrio, permitindo a reativação do vírus.
Desvendando Mitos Comuns sobre o HPV
A desinformação alimenta medos e culpas injustificadas. Vamos esclarecer alguns pontos essenciais:
- Proteção: A camisinha, apesar de ser uma ferramenta essencial na prevenção de diversas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), não protege 100% contra o HPV. Isso ocorre porque o vírus é transmitido principalmente pelo contato pele a pele ou mucosa a mucosa, e as áreas não cobertas pelo preservativo (como a região da vulva, períneo e escroto) podem ser fontes de transmissão. No entanto, o uso consistente e correto da camisinha ainda é fundamental para reduzir significativamente o risco de transmissão do HPV e proteger contra outras ISTs. A vacinação contra o HPV é a forma mais eficaz de prevenção.
- Diferença do HIV: A infecção por HPV não tem nenhuma semelhança com a infecção pelo HIV. São vírus e doenças completamente diferentes. O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) ataca o sistema imunológico, levando à AIDS, enquanto o HPV afeta principalmente as células da pele e das mucosas, podendo causar verrugas ou lesões que, em alguns casos, podem evoluir para câncer se não forem tratadas. Ter HPV não significa que você terá HIV, e vice-versa.
- Culpabilidade: Uma infecção por HPV não indica traição ou negligência. Nunca é possível saber exatamente quando ou como o vírus foi adquirido, devido ao seu longo período de latência e à existência de portadores assintomáticos. Muitas pessoas são portadoras do vírus por anos sem saber, e podem transmiti-lo sem sequer ter conhecimento de sua própria infecção. Por isso, não se culpe ou se torture por ter adquirido essa infecção. O HPV é uma infecção viral extremamente comum, não um julgamento moral.
Minha Missão: Informar e Acolher
Com muitos anos de experiência e mais de 20 mil mulheres atendidas, sei que as histórias se repetem.
A angústia e o medo são sentimentos universais para quem recebe esse diagnóstico.
Sou especialista em HPV e realizo o exame de colposcopia há mais de 25 anos, e posso assegurar: você não está sozinha nessa jornada.
Para que você tenha uma ideia da prevalência do HPV: a cada 10 pessoas no mundo, 8 tiveram, têm ou terão contato com o HPV em algum momento de suas vidas. Essa altíssima prevalência se deve à facilidade de transmissão por contato pele a pele ou mucosa, não se restringindo apenas à relação sexual penetrativa. É um vírus extremamente comum, quase como um "resfriado" do trato genital!
Você Não Está Sozinha
Minha luta é contra o tabu e a falta de informação sobre o HPV.
Foi por isso que criei este espaço: para oferecer conhecimento acessível a todas as mulheres, especialmente àquelas que não têm acesso fácil a uma consulta especializada.
Seja bem-vinda! Este site é uma fonte rica de informações para você compreender melhor o HPV, empoderar-se com conhecimento e, finalmente, superar seus medos e culpas.
Quer aprofundar seu conhecimento sobre esse vírus? Descubra, em nosso próximo artigo, quantos tipos de HPV existem e o que cada um significa para você.
Agende seu exame de colposcopia com a Dra. Flávia Menezes, ginecologista especialista em HPV
Artigo por Dra. Flávia Menezes (CRM RJ: 62429-2 / RQE: 51496) – Ginecologista com qualificação em patologias do trato genital inferior e colposcopia (2009).
Referências Bibliográficas:
- Papilomavírus humano: biologia viral e carcinogênese. Gláucia da Conceição Silva Souza, Elisvania Rodrigues da Silva, Francisca Lopes dos Santos Macêdo then et al. FEMINA | julho/agosto 2015 | vol. 43 | nº 4
- The low-risk papillomaviruses. NagayasuEgawa, JohnDoorba. Virus Research, Volume 231, 2 March. 2017, Pages 119-127
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Site
- Sexually Transmitted Infections Treatment Guidelines, 2021. Kimberly A. Workowski; Laura H. Bachmann; Philip A. Chan, then et at. MMWR Recomm Rep 2021; vol. 70/No4