HPV: Qual o risco de infectar meu parceiro?

Sei que quando o assunto é HPV, a cabeça pode se encher de interrogações e o coração de preocupações.

É absolutamente normal sentir medo ou ansiedade diante de algo que, muitas vezes, é cercado de mitos e informações desencontradas.

O HPV é uma questão séria, ligada ao câncer de colo do útero, e o receio é compreensível.

Mas a boa notícia é que a ciência já trilhou um longo caminho. Temos o conhecimento e as ferramentas para enfrentar esse desafio, prevenir e cuidar.

Tenho NIC1. Posso infectar meu(minha) parceiro(a)?

Sim, claro que existe. No entanto, a ciência ainda não consegue determinar a taxa exata de risco de transmissão das chamadas lesões subclínicas.

As lesões subclínicas são aquelas que não são visíveis a olho nu, como, por exemplo, os NIC 1, 2 e 3 no colo do útero. Elas se diferenciam das lesões verrucosas (verrugas genitais), que são facilmente percebidas pelo(a) paciente e pelo médico, e são, de fato, altamente contagiosas.

Mas não quero que essa informação se transforme em um transtorno na sua vida.

Não permita que isso vire um drama, fazendo você se sentir a pior pessoa da face da Terra.

Quero que reflita comigo: sabemos que 8 em cada 10 pessoas se infectarão pelo HPV em algum momento de suas vidas. Desta forma, ter HPV é, de certa forma, a regra do mundo.

Não ter HPV é a exceção, pois apenas 2 em cada 10 pessoas nunca se infectaram ou se infectarão pelo HPV durante a vida.

Lembre-se: a maioria das infecções apresenta clareamento espontâneo, ou seja, o próprio sistema de defesa do seu corpo é capaz de eliminar o vírus.

Diante desta informação, será que devemos nos preocupar tanto assim com a presença do vírus?

Seria muito mais inteligente focarmos nossa atenção na prevenção. Vacinar quando possível e indicado, além de realizar rotineiramente seus exames preventivos com seu médico, rastreando possíveis lesões causadas pelo HPV.

O PCR para HPV não detectou mais o vírus. Posso infectar meu parceiro(a)?

Essa é uma pergunta muito pertinente e que gera bastante ansiedade. Entenda que um resultado de PCR negativo pode significar duas coisas: ou você eliminou completamente as cópias virais do HPV, ou o vírus se encontra em um estado latente (dormindo), com um número tão baixo de cópias que se torna indetectável pelos exames naquele momento.

É importante saber que, mesmo com um PCR negativo, podem ocorrer detecções intermitentes ao longo da vida. Isso significa que o vírus pode apresentar um aumento de cópias virais em determinados momentos, tornando-se detectável, e depois voltar a ficar indetectável, ou vice-versa.

Esse aumento de carga viral pode, inclusive, acontecer no intervalo entre um exame negativo e outro. Dessa forma, a transmissão do HPV para o(a) parceiro(a) ainda é possível, mesmo com um PCR negativo, pois você pode estar com o vírus em um nível indetectável no momento do teste, mas com capacidade de transmiti-lo.

No entanto, quero trazer uma informação que vai te tranquilizar e direcionar sua preocupação: quando realizamos um PCR para HPV, nosso principal objetivo não é evitar a transmissão do vírus para o parceiro.

A finalidade maior desse exame é avaliar o seu risco para o câncer de colo do útero. É por essa razão que investigamos prioritariamente os 14 tipos de HPV de alto risco, aqueles que realmente podem causar o câncer.

Portanto, não se preocupe excessivamente com a transmissão nesse contexto.

O foco principal do seu cuidado e da vigilância é a sua saúde e a prevenção de lesões mais graves. Como sempre reforço: não entre em paranoia por causa disto. Invista na prevenção, sempre!

Verrugas Genitais (Condiloma): Posso Infectar Meu Parceiro(a)?

Sim, verrugas genitais (condilomas acuminados), que são manifestações clínicas da infecção pelo vírus do Papiloma Humano (HPV), podem infectar um(a) parceiro(a).

É importante entender que o HPV pode ser transmitido mesmo sem a presença de verrugas visíveis (infecção assintomática ou latente).

Muitos indivíduos são portadores do vírus e podem eliminá-lo sem nunca desenvolver sintomas ou lesões aparentes. Contudo, esses portadores assintomáticos ainda são capazes de transmitir o vírus.

Mesmo após o tratamento e a remoção física das verrugas, é fundamental saber que o vírus pode permanecer em estado latente na pele ao redor da área tratada. Isso significa que, ainda que as lesões não sejam mais visíveis, existe um risco de transmissão para o(a) parceiro(a).

Conclusão

Assim, a principal atenção deve ser direcionada à sua própria saúde e à implementação proativa de medidas que previnam condições mais sérias, como a adoção de hábitos saudáveis, exames regulares e a adesão a tratamentos.

Em vez de se focar na ansiedade da transmissão, que pode ser paralisante e improdutiva, invista na prevenção contínua e consciente.

Este é sempre o caminho mais eficaz para proteger seu bem-estar a longo prazo e garantir uma melhor qualidade de vida, desviando o foco de preocupações secundárias para ações de valor real.

Agende seu exame de colposcopia com a Dra. Flávia Menezes, ginecologista especialista em HPV

Artigo por Dra. Flávia Menezes (CRM RJ: 62429-2 / RQE: 51496) – Ginecologista com qualificação em patologias do trato genital inferior e colposcopia (2009).

Fontes Consultadas (Bibliografia):

  1. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Site
  2. Sexually Transmitted Infections Treatment Guidelines, 2021. Kimberly A. Workowski; Laura H. Bachmann; Philip A. Chan, then et at. MMWR Recomm Rep 2021; vol. 70/No4
  3. Doorbar J. Host Control of Human Papillomavirus Infection and Disease. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2017;43:106-118. doi:10.1016/j.bpobgyn.2017.08.001.
  4. Beachler DC, Jenkins G, Safaeian M, Kreimer AR, Wentzensen N. Natural Acquired Immunity Against Subsequent Genital Human Papillomavirus Infection: A Systematic Review and Meta-analysis. J Infect Dis. 2016 May;213(9):1444–54. doi:10.1093/infdis/jiv753.

Dra. Flávia Menezes - CRM: 5262429-2 / RQE:51496

Dra. Flávia Menezes
CRM: 5262429-2 / RQE:51496

Médica Ginecologista e Colposcopista.

Especialista em Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (PTGI).

Mais de 20.000 exames de colposcopia realizados.

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Sobre mim

Médica formada pela UFRJ com mais de 20 mil exames de colposcopia realizados. Formada em ginecologia e especialista em HPV.

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