
É muito bom saber que, hoje em dia, o teste para detectar o vírus HPV no colo do útero – usando a mesma amostra do Papanicolau – está cada vez mais disponível!
No entanto, muitas pacientes ficam desesperadas com um resultado positivo, temendo imediatamente o câncer ou acreditando que já estão doentes.
O sofrimento decorre, em grande parte, do desconhecimento sobre o real significado desse exame.
É fundamental esclarecer: um teste de HPV positivo não significa, de forma alguma, que você tem ou terá câncer. Na verdade, a grande maioria das pacientes com resultados positivos para o vírus não apresenta qualquer lesão.
O teste de HPV é, primordialmente, uma ferramenta de prevenção, que complementa o tradicional Papanicolau, oferecendo uma visão mais aprofundada do seu risco.
Historicamente, o acompanhamento ginecológico focava em detectar alterações celulares já existentes causadas pelo HPV e detectadas através do exame de Papanicolau.
É importante entender que, mesmo antes do teste de HPV, o Papanicolau já era uma ferramenta essencial para identificar os efeitos do vírus nas células do seu colo do útero, atuando na prevenção.
Preventivo vem da ideia de prevenção – prevenção do câncer de colo do útero e quem causa praticamente 100% dos cânceres de colo do útero é o HPV.
Hoje, com o teste de HPV, a forma como cuidamos da sua saúde se tornou muito mais eficaz.
Diferente do Papanicolau, que busca alterações nas células causadas pelo HPV, o teste de HPV determina a presença do DNA do vírus no colo do útero.
Ele não observa as alterações celulares em si, mas sim a existência do agente causador. É como um "radar de risco" que nos permite identificar a presença do vírus antes mesmo que ele cause qualquer problema.
A persistência de infecções por tipos de HPV de alto risco é o principal fator para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.
O Papanicolau, embora fundamental, tem uma margem de erro.
O teste de HPV, ao detectar o vírus, adiciona uma camada de segurança, diminuindo as chances de lesões de alto grau passarem despercebidas.
A captura híbrida foi uma tecnologia importante, mas sua limitação reside na falta de genotipagem.
Ela apenas informava a presença de HPV de alto risco sem diferenciar os tipos específicos.
Além disso, a "carga viral" que ela fornecia não tem relevância clínica para indicar a gravidade da lesão ou seu prognóstico.
Se a carga viral está alta ou aumentando, isso não significa que a lesão é mais grave ou está piorando.
Essa é uma informação importante para evitar tratamentos desnecessários e ansiedade.
O método de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) com genotipagem é atualmente a abordagem mais completa.
Ele não só detecta a presença do HPV de alto risco, mas também nos informa qual tipo específico de HPV está presente.
E a importância disso é imensa!
Quando o teste consegue identificar não apenas que o HPV de alto risco está presente, mas qual é o tipo exato do vírus que você tem, isso muda tudo para o seu acompanhamento!
Sabemos, por exemplo, que os subtipos HPV 16 e HPV 18 são responsáveis por aproximadamente 70% dos casos de câncer do colo do útero.
Saber se a paciente está infectada por um desses tipos, mesmo que com exame de Papanicolau normal, é uma indicação para fazer o exame de colposcopia.
Não é para ter medo do vírus, mas sim para agir com inteligência, sabendo que ele está ali e qual o seu potencial de risco. Isso nos permite rastrear e intervir em possíveis lesões de forma mais oportuna.
O mais importante é ter em mente que o objetivo de todo esse avanço tecnológico e dessas novas diretrizes é evitar que lesões de alto grau progridam para câncer invasivo.
E a notícia mais animadora é: as lesões de alto grau causadas pelo HPV têm cura!
Com o rastreamento adequado e um acompanhamento guiado pelo risco, podemos identificar e tratar essas lesões precocemente, garantindo a sua saúde a longo prazo.
Em resumo, o teste de HPV é um avanço significativo que, quando compreendido e utilizado corretamente, nos capacita a oferecer um cuidado mais inteligente, menos invasivo e muito mais eficaz na prevenção do câncer do colo do útero.
Não sofra, informe-se e use o PCR para HPV a seu favor!
Artigo por Dra. Flávia Menezes (CRM RJ: 62429-2 / RQE: 51496) – Ginecologista com qualificação em patologias do trato genital inferior e colposcopia (2009).
Fontes Consultadas (Bibliografia):