Nem tudo que coça é candidíase

Recebo frequentemente em meu consultório, pacientes com história de coceira crônica para a realização do exame de vulvoscopia.

Quase todas contam o mesmo histórico de candidíase vulvovaginal recorrente.

Elas vêm sendo tratadas há anos com medicações antifúngicas.

Já usaram vários cremes vaginais, comprimidos orais dose única, comprimidos orais semanais e até banhos de assento.

Essas pacientes relatam coceiras insuportáveis, as quais muitas das vezes diminuem suas qualidades de vida.

É comum também o relato de perda do interesse sexual, pois muitas das vezes o ato passa a ser doloroso.

São pacientes angustiadas e descrentes de tratamento.

De acordo com a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, a candidíase vulvovaginal afeta um percentual significante das mulheres.

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Candidíase

Percentual de mulheres afetadas

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Reincidência

Apresentarão a condição mais de uma vez por ano

O Exame de Vulvoscopia

A vulvoscopia tem por objetivo analisar de forma detalhada a anatomia, a pele e a mucosa da região vulvar.

Esse exame pode ser feito através de um colposcópio ou até mesmo com uma lupa dermatológica.

É realizado no próprio consultório e não necessita de anestesia, pois é indolor.

Um pequeno botão anestésico será necessário somente quando houver indicação de biópsia.

A biópsia é realizada quando o médico observa alguma alteração da pele que mereça uma avaliação microscópica mais detalhada.

Na verdade, a biópsia é realizada para fazer o diagnóstico diferencial das diversas doenças dermatológicas que podem afetar a vulva.

Isso mesmo, como eu falei, nem tudo que coça na vulva é candidíase.

A vulva pode ser afetada por diversas doenças dermatológicas, as quais podem provocar muita coceira.

Entre as mais comuns podemos citar o líquen simples crônico, o líquen escleroso vulvar e a psoríase vulvar. 

O Líquen simples crônico é uma alteração de pele decorrente do ato de coçar.

Esse ato de coçar pode ter sido ocasionado por uma candidíase ou um processo alérgico.

A coçadura por si, promove um espessamento da pele, a qual fica semelhante a uma pele de elefante.

Desta forma, o líquen simples crônico é decorrente de um “ciclo coçar-esfregar”.

A paciente sente coceira e esfrega a pele, o ato de esfregar engrossa essa pele, a pele espessada promove coceira, a paciente esfrega e engrossa ainda mais essa pele.

Não adianta tratamos apenas a candidíase, a qual muitas das vezes está associada ao líquen simples crônico.

O tratamento desta pele engrossada se faz necessário.

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Tratamento Dermatológico para coceira vulvar

O que observo em muitas das vezes em meu consultório é que o ginecologista trata a infecção por candida, mas não essa alteração dermatológica, a qual irá continuar coçando. 

O Líquen Escleroso é uma doença dermatológica crônica.

Acomete principalmente mulheres mais velhas.

A pele dos pequenos e grandes lábios se apresenta esbranquiçada e muita fina. 

A doença pode se estender para a região próxima ao ânus.

À medida que a doença progride, poderá ocorrer a perda da arquitetura vulvar normal, com perda da distinção entre os grandes e pequenos lábios.

A diminuição da entrada da vagina pode impedir o ato sexual. Mas nada disso irá ocorrer quando o diagnóstico e tratamento são realizados precocemente.

A psoríase vulvar é outra doença dermatológica, que pode causar coceira importante na região vulvar.

Essa doença é caracterizada por placas ou manchas avermelhadas cobertas com escamas brancas ou prateadas. A remoção dessas escamas causa sangramento característico. 

Se o seu ginecologista pediu uma vulvoscopia para melhor avaliação da região vulvar, não tenha medo desse exame.

Procure um bom profissional e agende logo seu horário.

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