Sua preocupação é compreensível e muito comum.
Muitas mulheres vivenciam a infecção pelo HPV e se perguntam sobre o futuro após um resultado positivo.
É uma jornada que pode trazer dúvidas, mas que, com informação e acompanhamento adequado, se transforma em uma poderosa ferramenta de autocuidado.
Vamos desmistificar o que acontece quando o HPV é detectado e como você pode seguir com tranquilidade, sabendo que está no controle da sua saúde.
HPV: Entendendo a Infecção e o "Depois"
Seja por um exame de PCR para HPV com genotipagem ou outro teste molecular, a detecção do Vírus do Papiloma Humano, especialmente os tipos oncogênicos de alto risco, é um sinal de alerta, mas não de desespero. Isso porque, para a maioria das pessoas, a infecção por HPV é transitória e desaparece espontaneamente.
O seu corpo tem uma capacidade incrível de combater e eliminar esse vírus. Após a eliminação espontânea da infecção – que pode incluir a entrada do vírus em uma fase latente, onde sua presença se torna indetectável – ou após o tratamento de lesões causadas por ele, um novo teste deverá, sim, apresentar um resultado negativo.
Mas o que significa um teste negativo após ter tido HPV?
- Eliminação Completa com Imunidade: Seu sistema imunológico agiu com eficácia, eliminou o vírus e produziu anticorpos. Isso pode conferir proteção contra uma reinfecção pelo mesmo tipo viral. No entanto, é importante considerar que, esses anticorpos podem não manter sua qualidade ou persistir por toda a vida. Nesse contexto, a vacinação contra o HPV se torna um pilar fundamental. Ela oferece uma proteção mais abrangente e robusta, cobrindo múltiplos tipos virais e proporcionando uma imunidade duradoura, sendo recomendada mesmo para quem já teve contato com o vírus.
- Eliminação Completa sem Imunidade: Neste cenário, o vírus foi eliminado, mas seu corpo não desenvolveu uma defesa duradoura contra ele. Isso significa que, embora você não esteja mais infectada naquele momento, permanece suscetível a uma nova infecção pelo mesmo tipo de HPV. Aqui, a vacinação contra o HPV é fundamental, pois oferece uma oportunidade de construir essa defesa imunológica de forma ativa e eficaz, protegendo contra futuros contatos com os tipos de vírus abrangidos pela vacina.
- Latência Viral: Esta é a forma mais intrigante e, para muitas, a mais preocupante. Nela, o vírus não foi totalmente eliminado, mas a quantidade de cópias virais é tão baixa que os exames moleculares atuais não conseguem detectá-las. O vírus permanece, de certa forma, "adormecido" no organismo. A ciência ainda investiga a fundo essa fase; contudo, o que sabemos é que, nessa condição de latência e com testes negativos, o vírus não está ativo a ponto de causar lesões. É importante ressaltar que a vacinação contra o HPV pode desempenhar um papel preventivo, ajudando a evitar a reativação desse vírus em sua forma latente.
A grande questão que surge é: essa latência significa que o vírus pode "acordar" a qualquer momento? Sim, é uma possibilidade. Mas isso não é um convite ao pânico. Pelo contrário, é um chamado à ação e ao autocuidado contínuo, que é o que realmente importa.
Agora faço para você algumas perguntas:
Se você soubesse que seu organismo consegui eliminar todas as cópias virais e que você não mais está infectada pelo vírus. O que você faria de diferente?
- Você iria parar de ir ao ginecologista e nunca mais realizaria seus exames preventivos?
- Você iria parar de ter relações sexuais pelo resto da sua vida?
- Ao se comparar com uma mulher que nunca soube ter HPV, você faria alguma coisa diferente dela?
Quem me garante que o exame negativo, dessa mulher que afirma nunca ter tido uma infecção por HPV, também não signifique um HPV na sua forma latente?
- O que uma mulher que nunca teve HPV irá fazer diferente de você?
Talvez você ainda tenha uma vantagem em relação a essa mulher.
Você passou a ter um conhecimento muito maior sobre esse vírus.
Você reconhece realmente a importância de realizar seus exames preventivos para o câncer de colo do útero periodicamente.
Preventivo e PCR para HPV AR
Você não irá fazer nada de diferente em relação ao resto da população feminina que nunca soube ter uma infecção por HPV.
Você terá eu fazer seus exames preventivos periodicamente de acordo com as recomendações do seu ginecologista.
E quais os exames para prevenção do câncer de colo do útero?
- Citologia Oncótica, também chamada de preventivo, Exame de Papanicolau ou colpocitologia oncótica. Lembrando que esse exame pode errar algumas vezes. Existe grande possibilidade de uma mulher ter uma lesão por HPV e a citologia não detectar. Por esse motivo, há poucos anos os médicos vem realizando a citologia juntamente com o PCR ou Captura Híbrida para HPV.
- O PCR ou a Captura híbrida para HPV detectam cópias virais. Esse exame por outro lado, ao detectar apenas as cópias virais, pode deixar as pacientes ansiosas sem necessidade. Pois nem toda paciente que tem um exame positivo para HPV, terá uma lesão por esse vírus. Ou seja, a paciente pode ter o vírus, mas esse vírus não está causando lesão.
Em resumo, esses exames se complementam.
Juntos, eles têm uma capacidade muito maior de fazer o diagnóstico de uma lesão por HPV, que quando tratada adequadamente irá evitar o desenvolvimento de um câncer invasor do colo do útero.
Seu ginecologista ao receber o resultado de um exame de preventivo alterado (ou normal) e um PCR (ou Captura híbrida) para HPV positivo, irá avaliar a necessidade de encaminhamento para o exame de colposcopia.
Esses exames salvam vidas. Não os deixem de fazer periodicamente.
Agende seu exame de colposcopia com a Dra. Flávia Menezes, ginecologista especialista em HPV
Artigo por Dra. Flávia Menezes (CRM RJ: 62429-2 / RQE: 51496) – Ginecologista com qualificação em patologias do trato genital inferior e colposcopia (2009).
Fontes Consultadas (Bibliografia)
- Carvalho CF, Teixeira JC, Bragança JF, Derchain S, Zeferino LC, Vale DB. Rastreamento do câncer do colo do útero com teste de DNA-HPV: atualizações na recomendação. Femina. 2022;50(4):200-7.
- Ministério da Saúde. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero: Parte I Rastreamento organizado utilizando testes moleculares para detecção de DNA-HPV oncogênico. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2024. 79 p.
- Perkins RB, Guido RS, Castle PE, Chelmow D, Einstein MH, Garcia F, Huh WK, Kim JJ, Moscicki AB, Nayar R, Saraiya M, Sawaya GF, Wentzensen N, Schiffman M. 2019 ASCCP Risk-Based Management Consensus Guidelines for Abnormal Cervical Cancer Screening Tests and Cancer Precursors. J Low Genit Tract Dis. 2020;24(2):102-31.