Teste de HPV positivo de novo? Entenda o que Isso Significa e Mantenha a Calma!

Receber um teste de HPV positivo gera preocupação.

Mas a angústia pode ser ainda maior quando o teste volta a dar positivo após um período negativo, ou quando a detecção envolve mais de um tipo viral.

É fundamental entender que o cenário do HPV é dinâmico e, na maioria das vezes, a calma e a informação são seus maiores aliados.

Por que o HPV pode ser detectado novamente (detecção intermitente)?

Quando um teste de HPV retorna positivo, especialmente após um resultado negativo anterior, ou de forma intermitente (ora positivo, ora negativo), pode indicar algumas situações:

  1. Reativação de uma Infecção Adormecida: O mais comum é que o vírus, que já estava presente no seu organismo em um estado de latência (inativo) e indetectável, reative-se. O HPV pode permanecer "escondido" por longos períodos sem causar sintomas ou lesões. Isso explica por que um teste pode dar negativo e, meses depois, positivo para o mesmo tipo viral, sem que haja uma nova exposição.
  2. Nova Infecção (com o mesmo ou outro tipo): Sim, é possível ter uma nova infecção após uma nova exposição. Isso pode acontecer com o mesmo tipo viral (se o organismo não desenvolveu imunidade duradoura) ou, mais frequentemente, com um tipo de HPV diferente.

Uma nova detecção do mesmo tipo de HPV (também conhecida como detecção intermitente) é relativamente comum, ocorrendo em uma porcentagem significativa de mulheres que já haviam "eliminado" o vírus.

A detecção intermitente não é um fator de risco para o câncer de colo do útero.

Múltiplas infecções: Ter mais de um tipo de HPV é normal?

É perfeitamente possível e comum que uma pessoa seja infectada por mais de um tipo de HPV ao mesmo tempo (coinfecção) ou sequencialmente (infecções por tipos diferentes em momentos distintos).

A maioria dessas múltiplas infecções, assim como as infecções por um único tipo, também é transitória e se resolve espontaneamente.

O verdadeiro fator de risco: A persistência do mesmo tipo viral

A grande maioria das infecções por HPV, mesmo as múltiplas ou intermitentes, é eliminada pelo sistema imunológico sem causar problemas graves.

O corpo humano é muito eficiente em combater esses vírus.

O verdadeiro fator de risco para o desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas e, posteriormente, do câncer de colo do útero, não é a detecção do HPV em si, mas sim a persistência prolongada do mesmo tipo viral de alto risco. Ou seja, é a presença contínua, por anos, de um HPV oncogênico (que pode causar câncer) que aumenta o risco, e não a detecção transitória ou intermitente.

Um exemplo real de monitoramento eficaz: Imagine a seguinte situação:

Uma mulher realizou seu exame anual e o PCR para HPV detectou o HPV de alto risco tipo 16. A colposcopia foi indicada e diagnosticou uma NIC 1 (Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau 1), que representa uma lesão de baixo grau. Lesões de baixo grau frequentemente regridem espontaneamente.

No ano seguinte, o teste continuou a detectar o HPV 16, indicando que o vírus estava persistindo. A persistência viral é um fator de risco importante para a progressão das lesões. Apesar da persistência viral, o exame de Papanicolau estava normal. Ela foi corretamente orientada a fazer um novo exame de colposcopia, que identificou novamente uma NIC 1. Embora ainda houvesse grande chance de regressão espontânea, a persistência do HPV e da lesão demandava monitoramento contínuo.

No segundo ano, o exame de PCR novamente detectou o HPV do tipo 16, confirmando a persistência viral por mais um ano. O Papanicolau continuava a normal. Este cenário reforça a importância do PCR para HPV como um indicador mais sensível da atividade viral do que o exame de Papanicolau.

Um terceiro exame de colposcopia, indicado pela persistência do vírus e pela preocupação com a evolução, foi realizado e identificou uma progressão para NIC 2 (Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau 2).Imediatamente, o tratamento foi recomendado.

A paciente foi submetida a uma conização por CAF (Cirurgia de Alta Frequência). É um procedimento rápido e eficaz para remover a lesão. A cirurgia foi um sucesso, com a remoção completa da NIC 2 e margens livres, um achado histopatológico crucial que indica que todo o tecido alterado foi removido, minimizando o risco de recorrência.

Seis meses após o procedimento, no primeiro controle, o PCR não detectou mais o vírus, indicando a eliminação viral e o sucesso do tratamento.

Observe que se estivéssemos acompanhando somente com o exame de Papanicolau, esta NIC 2 poderia ter sido subestimada ou ter demorado a ser diagnosticada e tratada, pois o Papanicolau, mesmo sendo uma ferramenta de rastreamento excelente, possui suas limitações de sensibilidade.

Este é um exemplo claro de como o monitoramento da persistência do HPV de alto risco, em conjunto com exames citológicos (Papanicolau) e a avaliação colposcópica com biópsia dirigida, permite uma abordagem integrada e a intervenção adequada no momento certo.

A detecção persistente do mesmo tipo viral funcionou como um alarme importante, levando ao diagnóstico precoce de uma lesão tratável e à sua cura, impedindo que ela evoluísse para um câncer cervical invasivo.

Portanto, mantenha seus exames de Papanicolau e PCR para HPV em dia, conforme a orientação do seu médico. Essa vigilância ativa é a melhor forma de cuidar da sua saúde, prevenir problemas mais sérios e viver com a tranquilidade de saber que você está sendo monitorada com excelência.

Agende seu exame de colposcopia com a Dra. Flávia Menezes, especialista em HPV.

Artigo por Dra. Flávia Menezes (CRM RJ: 62429-2 / RQE: 51496) – Ginecologista com qualificação em patologias do trato genital inferior e colposcopia (2009).

Fontes Consultadas (Bibliografia):

  • J. Doorbar et al. The Biology and Life-Cycle of Human Papillomaviruses / Vaccine 30S (2012) F55– F70.
  • Patti E. Gravitt. The known unknowns of HPV natural history. J Clin Invest. 2011;121(12):4593–4599. doi:10.1172/JCI57149
  • McBride AA. 2017 Oncogenic human papillomaviruses. Phil. Trans. R. Soc. B 372: 20160273.
  • Patti E. Gravitt and Rachel L. Winer. Natural History of HPV Infection across the Lifespan: Role of Viral Latency. Viruses 2017, 9, 267; doi:10.3390/v9100267
  • Informações fornecidas pelo usuário como base para o conteúdo.

Dra. Flávia Menezes - CRM: 5262429-2 / RQE:51496

Dra. Flávia Menezes
CRM: 5262429-2 / RQE:51496

Médica Ginecologista e Colposcopista.

Especialista em Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (PTGI).

Mais de 20.000 exames de colposcopia realizados.

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Sobre mim

Médica formada pela UFRJ com mais de 20 mil exames de colposcopia realizados. Formada em ginecologia e especialista em HPV.

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