Meu Teste de HPV Voltou a Dar Positivo
Esta é uma dúvida que muitas pacientes possuem .
Nas linhas abaixo, irei esclarecer o assunto de uma forma simples para um melhor entendimento do assunto.
Quando um teste de HPV volta a detectar cópias virais de HPV, existem duas possibilidades:
- uma nova infecção (após uma nova exposição) ou
- a reativação de uma infecção por HPV adquirida no passado
O mais importante sobre essa incerteza, em relação à nova aquisição e reativação, é o impacto psicossocial.
Desespero após um teste para HPV novamente positivo
A paciente fica desesperada diante de um exame novamente positivo, principalmente quando essa mulher está em um relacionamento monogâmico a um longo tempo. A primeira coisa que ela pensa é em traição. Ou então, acredita que o vírus voltou e que ela irá morrer com câncer. Sua ansiedade a leva a querer fazer uma colposcopia o mais rápido possível, para avaliar a presença de nova lesão.
Quando testes de HPV são realizados rotineiramente no rastreio do câncer do colo do útero, é comum as pacientes ora apresentarem testes positivos ora apresentarem teste negativo para o HPV. Porém, isso é motivo para grandes preocupações e angústias da paciente e seu parceiro em relação à fonte do teste positivo e seu prognóstico.
A avaliação sobre o desenvolvimento de nova lesão, pode ser feita pelo exame de colposcopia, quando solicitado pelo seu médico.
É comum a “re-detecção” do mesmo tipo de HPV
Estudos sugerem que novos testes de HPV detectando o mesmo tipo de HPV é relativamente comum e ocorrem em pelo menos 10-20% das mulheres que observaram ter “eliminado” o vírus. Embora o sexo com novos parceiros permaneça como fator de risco para nova infecção.
Mas toda essa ansiedade é desnecessária, uma vez que um teste de HPV positivo não significa que a paciente tem uma lesão por HPV. Um teste positivo significa apenas que existem cópias virais de HPV detectáveis no exame. Um exame de colposcopia se faz necessário, em alguns casos, para avaliar a presença de lesões causadas por essa infecção.
Teste para HPV DNA antes dos 30 anos de idade
Segundo a ASCCP (American Cancer Society, American Society for Colposcopy and Cervical Pathology) é INACEITÁVEL a realização te um teste HPV antes dos 30 anos, como método de rastreio do câncer de colo.
Mulheres com menos de 29 anos de idade devem ser rastreadas somente com citologia.
Isso porque é muito comum um teste de HPV positivo antes dos 30 anos, porém a maioria dessas infecções terão resolução espontânea sem causar qualquer prejuízo a paciente.
Diferente dos medos, ansiedade e angústias causados por um teste HPV positivo, que podem desorganizar a vida social e afetiva dessa mulher.
Além disso, QUALQUER TIPO DE TRATAMENTO É INACEITÁVEL DIANTE APENAS DE UM TESTE DE HPV POSITIVO.
Meu teste de HPV voltou a dar positivo. Vou fazer lesão? Vou ter câncer?
A resposta para a pergunta, se a paciente irá fazer lesão (NIC), não é clara. Infelizmente a ciência não tem respostas para todos os nossos questionamentos.
Mas diante desta incerteza, nossa maior preocupação deve ser: Manter os exames de Papanicolau e testes moleculares para HPV em dia! Pois quando alterados, seu médico irá solicitar uma colposcopia. Dessa forma conseguimos realizar precocemente o diagnóstico de lesões de alto grau (as pré-cancerígenas) que têm cura!
O câncer de colo de útero não se desenvolve em dias ou meses. São necessários anos, sem tratamento, para que esse vírus cause esse tipo de lesão agressiva.
Mas raciocine comigo, antigamente, tínhamos apenas o exame de Papanicolau para rastrear as lesões de HPV.
Hoje, não só rastreamos as lesões, como somos capazes de saber se existe infecção por HPV, mesmo sem lesão. Assim, já estamos na frente do vírus.
Se o seu teste de HPV teve um resultado positivo, não se desespere, daqui para frente você estará mais preocupada e irá rastrear as lesões causadas por esse vírus de uma forma mais efetiva.
Quando indicado, seu médico irá solicitar o exame de colposcopia, que é capaz de identificar e avaliar a gravidades das lesões pré-cancerígenas. Desta forma, você terá a oportunidade de tratar ou acompanhar essas lesões, muito antes de causarem câncer!
REFERÊNCIAS:
- J. Doorbar et al. The Biology and Life-Cycle of Human Papillomaviruses / Vaccine 30S (2012) F55– F70.
- Patti E. Gravitt. The known unknowns of HPV natural history. J Clin Invest. 2011;121(12):4593–4599. doi:10.1172/JCI57149
- McBride AA. 2017 Oncogenic human papillomaviruses. Phil. Trans. R. Soc. B 372: 20160273.
- Patti E. Gravitt and Rachel L. Winer. Natural History of HPV Infection across the Lifespan: Role of Viral Latency. Viruses 2017, 9, 267; doi:10.3390/v9100267